O marketing de conteúdo emergiu como uma das estratégias mais eficazes para a construção de autoridade e relacionamento com clientes no ambiente digital. No âmbito da advocacia, entretanto, sua aplicação requer uma adaptação cuidadosa para respeitar as limitações éticas impostas pelo Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Este artigo visa apresentar os caminhos para advogados e escritórios de advocacia que desejam usar o marketing de conteúdo de forma ética e estratégica, contribuindo para a credibilidade e captação qualificada.
O contexto do marketing jurídico e as normas da OAB
O Código de Ética da OAB regula as formas de publicidade na advocacia, vedando a captação direta de clientes ou qualquer prática que configure mercantilização da profissão. Contudo, isso não significa que o advogado esteja proibido de divulgar sua atuação, mas que deve fazê-lo com discrição, sem sensacionalismo ou promessas de resultados.
O marketing de conteúdo, quando bem conduzido, funciona como uma ferramenta educativa e informativa, com foco em compartilhar conhecimento, esclarecer dúvidas jurídicas e fortalecer a imagem profissional, sem apelos comerciais.
Estratégias de marketing de conteúdo compatíveis com a ética jurídica
- Produção de artigos informativos e educativos: Conteúdos que esclarecem direitos, procedimentos jurídicos e atualizações legislativas. Por exemplo, posts nas redes sociais explicando o passo a passo para uma ação judicial comum ou direitos do consumidor.
- Guias e e-books gratuitos: Produzir e disponibilizar materiais aprofundados que ajudam o público a entender temas complexos, reforçando a imagem do escritório como referência técnica.
- Vídeos explicativos e webinars: Abordagens audiovisuais para ampliar o alcance e engajamento, sempre sem prometer resultados ou sugerir serviços específicos.
- Uso correto das redes sociais: Postagens que gerem debate qualificado, compartilhamento de notícias relevantes e atualizações, respeitando as limitações impostas.
Benefícios estratégicos do marketing de conteúdo para escritórios de advocacia
Mais do que uma ação de divulgação, o marketing de conteúdo cumpre um papel estratégico na construção da presença digital e no posicionamento profissional do advogado. Quando executado com regularidade e planejamento, ele contribui diretamente para a valorização do escritório, com uma conexão real com o público-alvo e a geração de oportunidades qualificadas.
- Relacionamento de longo prazo: Mantém o escritório presente na rotina do público, fortalecendo vínculos com clientes e parceiros.
- Autoridade no segmento: Posiciona o advogado como referência em sua área de atuação por meio de conteúdos informativos e acessíveis.
- Confiança e credibilidade: Gera familiaridade com o público e fortalece a percepção de competência técnica ao longo do tempo.
- Qualificação de contatos: Atrai potenciais clientes com maior clareza sobre suas demandas, reduzindo triagens improdutivas.
Cuidados e riscos a serem observados
Apesar das vantagens, é imprescindível que o advogado evite:
- Prometer resultados ou garantias;
- Expor casos reais sem consentimento expresso e anonimização adequada;
- Utilizar linguagem sensacionalista ou apelativa;
- Realizar captação direta via conteúdos pagos ou anúncios invasivos.
O acompanhamento jurídico especializado para validar as peças de comunicação pode mitigar riscos e garantir a conformidade.
Conclusão
Quando conduzido com responsabilidade, estratégia e respeito aos preceitos éticos da advocacia, o marketing de conteúdo torna-se uma ferramenta poderosa para a construção de autoridade, reputação e proximidade com o público. Mais do que uma ação de visibilidade, trata-se de um posicionamento profissional baseado em educação, clareza e compromisso com a informação de qualidade. Em um cenário jurídico cada vez mais digital e competitivo, advogados que adotam essa abordagem fortalecem sua presença no mercado de forma sustentável, ética e alinhada às expectativas de seus clientes.